quinta-feira, 11 de julho de 2013

NACIONALISTAS E PATRIOTAS

Houve época nem tão distante em que essa notícia da espionagem norte-americana nas comunicações brasileiras deixaria boa parte da nossa população revoltada. Pobres e ricos, direita e esquerda, centro e meia-direita, centro esquerda e alienados em geral -- todos tínhamos um certo melindre com intervenções norte-americanas em nossas vidas. Éramos vagamente nacionalistas, às vezes ardentemente. Havia em comum um sentimento de que os EUA abusavam de sua arrogância e desprezo pela América Latina. Além , é claro, de alguma inveja latino-americana do poderio do Grande Irmão do norte, que nos considerava sua "área de influência", para não dizer zona de dependência. As coisas mudaram um pouco. A globalização econômica, que consagrou a interdependência como ideologia oficial das nossas elites, matou o nacionalismo e naturalizou a absorção do "way of life" norte-americano. Nossa classe média adora Miami e tudo o que representa no seu imaginário hollywoodiano. Os mais conservadores julgam que evoluímos ,"amadurecemos", perdemos o complexo de inferioridade e...nos entregamos ao consumo desenfreado dos signos e dos objetos do capitalismo norte-americano. Isso é o que dizem os conservadores mais sofisticados. Existem aqueles que ainda estão na Guerra Fria e pedem a proteção do "guarda-chuva" naval e nuclear dos EUA. Nenhuma dessas figuras do após-globalização (leia-se: fase neoliberal) ostenta o titulo de Nacionalista. Agora, são todos Patriotas. Estranhos patriotas esses que não protestam contra as brutais violações norte-americanas do Direito Internacional. Devemos ter um pouco de medo dos patriotas, até porque o patriotismo continua a ser o último refúgio dos canalhas.

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